quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tarde tranquila e Noite chuvosa

20.6.11 – Navegamos por várias horas de forma tranquila, com pouco vento e águas calmas. Passamos pela Ponta Grossa, Ilha Chico Manuel e alcançamos o Farol da Itapuâ ainda de dia e, apesar do tempo encoberto, pude ver a beleza da região.
O vento não colaborava muito e fizemos todo este trecho só no motor, mantendo média de SOG=7,5 kt.
Ao cair da noite já havíamos vencido as boias e redes do rio Guaíba e entram os na imensidão da Lagoa dos Patos, o vento já entrava na nossa cara e a chuva pegava firme com muitos trovões e relâmpagos. Uma excelente prova para este marinheiro junior.
Nosso comandante, Paulo Mordente, estava tranquilo, ditando o ritmo da travessia e orientado os rumos e wpts. Fizemos um lanche rápido com pizza e refri e seguimos viagem com o Jarbas (nosso piloto automático) controlando bem o barco. As ondas cresceram e o Bepaluhê seguia seu rumo firme, cortando as ondas de forma tranquila e mostrando assim sua genética cruzeirista e seu casco bem estruturado e resistente.

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21.6.11 - Foram 12 horas de pauleira e pancadaria, mas por volta das 5-6 horas o tempo acalmou e nós já estavamos na boca do canal da feitoria. Reduzimos o ritmo e ficamos esperando o dia clarear para entrar no canal. Com o auxílio do radar e do AIS observamos 3 navios acorados poucas milhas a nossa frente e também aguardando a luz do dia para entrar no canal.

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Por volta das 7 horas o dia já estava claro e todos tomaram seu rumo em direção ao canal. Seguindo a experiência do Paulo Mordente, esperamos os navios entrarem, pois eles são mais rápidos, e não é muito agradável ter que ir para o lado e deixá-los passar no meio de um canal estreito.

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A seguir, fizemos outra malandragem, deixamos um navio da empresa Trevo entrar na nossa frente e fomos seguindo seu rumo, bem na sua esteira, o que facilitou muito nossa navegação pois não tivemos que ficar checando wpts e rumo a todo momento. Bastou seguir a esteira do Trevo Roxo.

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O sol já raiava, esquentando um pouco aquela manha fria. As gaivotas voavam ao nosso redor, criando um lindo balé no ar. Tomamos um bom café e seguimos o rumo serpiginoso do canal da Feitoria.

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Por volta da uma da tarde, já avisavamos ao longe a cidade de Rio Grande e a grande quantidade de navios presentes naquela região.

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Fomos ao posto abastecer os tanques do Bepaluhê com combustível e seguimos direto para o Iate Clube de Rio Grande. Ao chegar lá escutei um grito “Bepaluhê, Bepaluhê”, “Paulo, Paulo”, eram os amigos Luis Manuel e Marli, do veleiro GreenNomad, que nos esperavam no pier. O Paulo Mordente atracou brilhantemente o Bepaluhê em uma vaga justinha, jogamos as amarras aos amigos que nos esperavam, posicionamos as defensas e pulamos em terra para comemorar a chegada e a bela navegada que fizeramos.

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Almoçamos ali mesmo no clube e fomos até o centro para fazer algumas compras para reabastecer nossa geladeira. No caminho passamos pela linda Igreja de São Pedro, aproveitei a oportunidade para sentar, refletir e agradecer a Deus por todas as bençãos e por ter nos guiado até aqui com saúde.

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A primeira fase da travessia estava cumprida!!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Adeus Porto Alegre–Obrigado Veleiros do Sul

 

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O dia amanheceu calmo, dormi até tarde pois havia chegado em POA já na madrugada. Depois acordei e comecei a faina das arrumações finais. Ainda havia muito que arrumar  para deixar o barco pronto para a grande travessia.

O mestre Joel, como sempre, estava por lá para nos ajudar mesmo em seu dia de folga. Que profissional competente e correto é o Joel. Ficam as lembranças e saudades.

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Joel arrumando o barco

 

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Joel brincando com a Helo no carrinho

 

O sol ainda nem havia esquentado o dia e o Junior chegou para fazer uma revisão final das instalações elétricas e colocar etiquetas impermeáveis em todos os pontos importantes. Logo depois chegou o Paulo Mordente para irmos fazer as compras de perecíveis. Felizmente ele já havia deixado o barco bem abastecido no dia anterior e só faltam alguns poucos ítens.

Sentamos no bar do clube para tomar café e revisar a previsão do tempo, que apesar de não muito animadora, nos autorizava a sair de Porto Alegre naquele mesmo dia.

Ainda no fim da manhã foi a vez do Jairo chegar para nos ajudar nos preparativos.

Por volta do meio dia sentamos para almoçar, Jairo , Paulo Mordente e eu, jogamos conversa fora, trocamos idéias sobre construção de barcos e fizemos planos para o encontro em Rio Grande.

Por volta da uma da tarde, saímos do restaurante e fomos caminhando lentamente para o barco, o Jairo e o Paulo na frente e eu atrás me despedindo espiritualmente daquele clube e daquela cidade que tão bem me acolhera nos últimos tempos.

Fica aqui o meu agradecimento formal aos amigos e sócios Niels e Junior pela indicação e à Comodoria do Clube Veleiros do Sul por terem me recebido a acolhido de forma tão agradável.

Dei um grande abraço no Jairo, pulei para dentro do barco, liguei  o motor, soltei as amarras e parti lentamente.

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O Clube Veleiros do Sul ao fundo e um ato cívico de agradecimento

 

O Bepaluhê seguia, enfim, seu caminho rumo ao mar!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Voo 3046

 

Chegou ao fim a maratona!

Ontem quando cheguei em Sampa, voltando de Porto Alegre, me dei conta de que a jornada chegara ao fim. Foram mais de 24 idas e vindas à capital gaucha, sujeito a voos atrasados, nevoeiros e aeroportos fechados.

Conheço na palma da mão os aeroportos de Congonhas e o Salgado Filho, não me orgulho disto, mas ficará na historia desta jornada de construção do Bepaluhê.

Nosso Bepaluhê ficou pronto em menos de 2 anos e esta preparado para a grande travessia.

Ontem tiramos o barco da agua para colocar os novos anodos de zinco, agora adequadamente dimensionados ao tamanho e material do casco.

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Ao baixarmos o barco na água e ver que os pequenos itens de acabamento interno já estavam todos prontos, pude respirar profundamente e, com satisfação, dei-me conta do tamanho e das dimensões da linda obra que acabara de empreender.

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Fiquei sentado no cockpit, apreciando o lindo trabalho de marinharia que o amigo "Colorido" fazia nos cabos das amarras. Aprendi mais alguns truques que pretendo usar no futuro.

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Ao pousar em Sampa, tive a certeza que esta etapa estava cumprida, sai dirigindo pela 23 de maio, vendo luzes e farois que piscavam como fogos comemorando Sao Joao.

O voo 3046 já é passado, tenho em minha visão agora as cartas nauticas que iluminam nosso caminho até a linda cidade de Paraty.